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Liberdade, obediência e alguns erros.

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quase um ano eu escrevi esse texto aqui no blog, sobre o método da Super Nanny e sobre a questão da obediência.  E esse fim de semana após ler um texto no blog Mamíferas a vontade de escrever sobre voltou.

Algumas coisas tem me incomodado bastante ultimamente. Talvez faça parte de todo o processo de transformação interna que tenho passado, essa coisa de rever conceitos realmente muda tudo.
Não sou um exemplo de mãe, e creio que ninguém seja, todas as mães são humanas, comentem erros, tem seus dias de fúria e descontrole. Resumidamente: todos nós erramos.
O que talvez diferencie um do outro é o fato de que alguns tentam mudar com esse erro, outros ligam o foda-se e aderem ao ” culpa não”. Culpa sim. Vamos ver onde erramos e vamos tentar mudar sim.
Não em busca de uma perfeição que não existe, mas em busca do melhor que podemos fazer, de chegar no nosso limite, de fazer o possível dentro das nossas possibilidades.

Dito isso quero comentar alguns fatos que acontece no nosso dia a dia e me faz pensar muito sobre TUDO.
Sou conta bater, isso não significa que as vezes não aconteça. Acontece e eu sei que o erro é totalmente meu, NINGUÉM ” merece” apanhar, seja essa pessoa uma criança ou um adulto. Bater em alguém só demonstra que não conseguimos argumentar e nos controlar. E eu sei que isso acontece comigo, que eu perco o controle e é algo que eu estou tentando mudar e sei que vou conseguir, porque realmente quero.

Não gosto de impor, não gosto de aplicar castigos, não porque é chato ou porque da trabalho. Mas porque não acredito nesse método de educar, não acredito em um método onde você adestra seus filhos, como já disse no outro texto feito há quase um ano. Minha opinião quanto a isso não mudou.

O que fazemos é conversar. É explicar realmente os porquês de algo não poder, avisar para não fazer e por aí vai. Mas as vezes não rola, as vezes a Beatriz continua e é de fase.
Isso acontece principalmente quando tem alguém em casa, algum amigo nosso, e eu vejo como uma forma da Beatriz chamar a atenção dessa pessoa, já que no dia a dia isso não acontece.

Aconteceu uma situação na qual eu me senti muito mal. Me senti péssima por ter agido daquela forma. E o pior, por minha atitude ser vista como algo legal e bacana de se fazer.
Tinha um amigo em casa e a Beatriz insistia em acender e apagar a luz da sala, como ela faz toda vez que essa pessoa está aqui, pedi para parar, tentei distrair com outra coisa e ela continuou. Eu perdi a paciência depois de tanto avisar e peguei ela pelo braço, gritei e fiquei realmente muito brava e coloquei ela no quarto dela.
Agi por impulso, por saco cheio de me olharem torto com aquela cara de ” vai deixar sua filha fazer o que quiser” , não porque era algo que eu realmente queria fazer. Coloquei ela no quarto não com o intuito dela pensar e entender o que ela fez, mas para me dar alguns minutos de tranquilidade. Até ai a merda para mim já tinha sido grande, mas o pior foi quando voltei na sala e ouvi da visita: É isso ai, agora vi você agindo com pulso firme.

Calma! Isso é pulso firme? É isso que as pessoas chamam de educar uma criança?Você perder seu controle, não explicar nada, tratar uma criança como um saco de batatas? É isso?
Desculpa, quero não. Prefiro não ser pulso firme. Prefiro ser bundona.

É, minha filha é terrível. É o ser mais doce, iluminado e maravilhoso que já conheci. Mas questiona, não para quieta, leva uns tombos mesmo depois de eu avisar que ia dar merda, já pintou todo o taco da sala com um pote de protetor solar, ela canta o dia todo e as vezes grita, ela corre de mim as vezes. Ela não tem limites! E eu ouço quase todo dia que eu preciso dar limites para a minha filha. 

Pra que? Se de todas as coisas que listei aqui agora, ela só fez uma vez, pois eu fiquei brava e fiz ela limpar o taco junto comigo, afinal, ela quem sujou. Já que quando ela caiu mesmo eu avisando que não poderia ela nunca mais fez, já que quando ela corre de mim estamos em um parque, já que nada disso oferece um risco efetivo a ela. Qual o problema dela ser livre?

Eu quero que minha filha seja uma criança obediente não por ter medo de mim, não porque ” sou sua mãe”, mas porque ela respeita e entende o trabalho que tive para arrumar a sala por exemplo, logo se ela brincar ela irá pegar os brinquedos e irá guardar. Não quero se uma autoridade para ela, na qual ela teme!

Sim a vida ensina, ensina muito bem e de forma bem cruel algumas vezes. Eu aprendi muito com a vida, eu consegui tirar muito proveito dos meus erros, mas hoje eu digo com toda a certeza que não me arrependo, que a vida ensina algumas coisas que meus pai jamais teriam a capacidade de ensinar, nem os pais de ninguém, porque tem coisas que não cabem aos pais.

Beatriz será livre. 
Hoje eu reli um comentário (anônimo) desse texto que escrevi há um ano, e que me incomodou muito, principalmente essa parte:

Desculpa a franqueza, mas se vc não ensinar pra Bia desde já que coisas erradas tem consequencias, a vida ensinará. A vida é dura, o mercado de trabalho é concorrido (ops…vcc não deve saber disso né!), os chefes são maus, as empresas são frias, os namorados abandonam, e toda e qualquer ação q vai contra os princípios impostos por alguém

 

Isso me incomoda por ver como as pessoas são acomodadas. É aquela máxima onde a culpabilizam a vítima e não quem realmente tem culpa. Se o chefe é cuzão, se o chefe é mau, a culpa – muitas vezes – não é do funcionário. A culpa é dele de ser filho da puta. Se o namorado abandona por um motivo (no qual estava no texto, obediência) pera ai… tem algo muito errado, porque minha filha, nem ninguém, deve obediência ou acatar o que namorado (ou marido) fala.
Então temos de rever algumas atitudes da sociedade no geral. Uma sociedade onde ensina a obediência adestrada desde cedo, porque criança quietinha da menos trabalho para os pais, porque criança quietinha não questiona e são mais conformadas, crianças quietinhas se tornarão muito provavelmente adultos que aceitam tudo, abaixa a cabeça para todos e só dizem ” sim senhor” ” sim senhora”. Eu não quero que minha filha seja assim, desculpa!

 

Vamos lembrar que crianças não são robôs, não é porque são nossos filhos que devemos fazer o que quisermos com eles, eles não são propriedades. Ninguém é propriedade de ninguém. Achamos que por ser crianças devemos fazer qualquer coisa, qualquer coisa é aceitável, bater é aceitável, tudo é aceitável. Mas não é, é desrespeito.

 

Hoje Beatriz tem 3 anos e quase 4 meses, 1 ano a mais do que quando escrevi aquele outro texto. Ela recolhe os brinquedos depois de brincar, pede por favor, diz muito obrigado e pede desculpas sem eu ficar falando ” vai filha, fala…”. Ela faz tudo isso porque tem consciência e sabe onde emprega-las. Beatriz é uma criança educada e terrível. Não é quietinha, mas geralmente entende com uma boa conversa.

E assim seguimos, tentando arrumar um erro aqui e outro ali. No caminho que eu escolhi, um caminho onde eu quero respeitar minha filha pelo individuo que ela É. 

 

 

 


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